Por a reportagem referida não ser extensa está a seguir reproduzida na integra.
... e já chegaram à
nossa escola!
Foi com esta
afirmação enigmática que começou uma aula extra e diferente. Quando chegámos à
sala, estavam, em cima de uma mesa, alguns fragmentos do exército invasor e os
invasores, esses terríveis inimigos, tinham ramos, folhas, flores e frutos -
eram plantas.
As plantas invasoras são espécies de plantas
exóticas (de outra região do mundo) que, depois de introduzidas, pelo homem, se
naturalizaram, isto é, se “escaparam” para o ambiente natural e se
desenvolveram e reproduziram de modo autónomo. Chamam-se invasoras porque competem
com espécies da flora autóctone (local) e invadem o seu território.
Como não são da região, não têm inimigos naturais, o
que favorece mais o seu desenvolvimento. Assim formam-se manchas compactas de
uma só espécie. É o que alguém chamou - “deserto verde”.
Na nossa escola também existem, uma delas é a árvore-do-incenso (Pittosporum undulatum).
Originária da
zona oriental da Austrália, foi introduzida na escola como espécie de jardim
pela sua capacidade de resistência, velocidade de crescimento, por propiciar
uma ótima sombra e ter flores aromáticas. A maior árvore terá cerca de 10
metros, produz muitas sementes que não têm qualquer dificuldade em germinar
entre pedras, junto aos passeios ou mesmo nas cicatrizes das folhas das
palmeiras. Aqui está o segredo do seu sucesso, produz muitas sementes, germina
facilmente (sobretudo em zonas com alguma sombra e humidade), não é exigente em
termos de solo. As árvores desenvolvidas não têm outras espécies na sua
proximidade porque a sombra fechada e as toxinas das suas folhas eliminam a
“concorrência”.
Está por todo lado, menos nos canteiros e relvados
por ser retirada pelo nosso jardineiro, o senhor António. A sua presença em
alinhamentos, formando uma sebe, também se deve ao senhor António, que aí as
deixa crescer para depois as podar. É fácil e rápido fazer uma sebe com esta
espécie. Não se espalhou para fora da escola. Mas, nos Açores a construção de
sebes com esta espécie foi o começo de uma “invasão” que põe em risco de
extinção uma espécie, o priolo (Pyrrhula
murina) – a espécie de passeriformes (pássaros) mais ameaçada da Europa e
um endemismo açoreano. Está presente em Sintra e pode ser mais uma ameaça à
floresta autóctone.
A eliminação das duas árvores maiores parece cruel e
talvez desnecessária, mas deve-se monitorizar a zona pois pode eventualmente
desenvolver-se ao longo da linha férrea que passa junto à escola. As outras
plantas devem ser eliminados porque não é correto a escola estar a favorecer a
proliferação de uma espécie invasora. Os rebentos jovens podem ser arrancados,
à mão no inverno, para se garantir que as raízes saem da terra, caso contrário
voltam a rebentar.
Nós não tínhamos
noção desta situação, nem o senhor António, o jardineiro, que como outros,
serve de cúmplice a uma proliferação do “deserto verde”. Fica-nos a lição que a
falta de informação pode ser um sério inimigo da biodiversidade.
Consultem
http://www.jra.abae.pt/portal/article/invasores-verdes-destroem-biodiversidade-em-sintra-e-ja-chegaram-a-nossa-escola/
http://www.abae.pt/programa/EE/documentacao/plantas_invasoras_em_Portugal_fichas_para_identificacao_e_controlo[1].pdf
Trabalho de um grupo de
alunos das turmas 11ºC4 e 11ºC6. Professor coordenador - Fernando Bação