Num ambiente de transição entre o mar e a terra existe uma enorme biodiversidade caraterizada por adaptações originais. Na verdade, os seres vivos da zona intertidal rochosa são verdadeiros heróis, têm de enfrentar as ondas, as marés, as diferenças de temperatura e de salinidade, a dissecação e a pressão humana. A maioria tem de competir entre si por um lugar onde se fixar para não serem arrastados. Mesmo a fixação, num ambiente assim, implica soluções engenhosas.
Num meio tão exigente é natural que algumas associações de
organismos possam favorecer a sobrevivência, pelo que existem diversas relações
bióticas de comensalismo, mutualismo ou simbiose.
Uma praia rochosa é um laboratório vivo, que pode ser
explorado de diferentes formas para abordar diversas temáticas, lecionadas em
biologia e geologia, ou em ciências naturais.
Fazendo parte de um agrupamento que abrange todos os ciclos
do ensino obrigatório, faz sentido encontrar projetos/atividades que sejam
transversais e capazes de mobilizar alunos e professores dos diversos ciclos de
ensino. Neste sentido e porque, em todas as idades, o que mais nos capta a
atenção é uma boa história, porque não irmos buscar inspiração na
biodiversidade destes ambientes, para criar e contar histórias cativantes com
os alunos e para os alunos.
Para uma boa história precisamos de bons personagens e de um
bom enredo. No ensino secundário pode-se, e creio mesmo que se deve
privilegiar, a pesquisa de forma a identificar as espécies/personagens e
conhecer a sua biologia. Nessa pesquisa deve-se procurar esclarecer as
perguntas que naturalmente podem surgir quando se observam as biocenoses do
litoral rochoso. Desta forma os personagens e as histórias ganham densidade e
interesse tornando-se facilitadores de aprendizagens.
A ligação entre o ensino secundário e o ensino básico é, ou
deve ser, uma prioridade dos agrupamentos. Desta forma, os trabalhos realizados
pelos alunos do ensino secundário podem ser apresentados aos alunos do básico
servindo de exemplo e ponto de partida para trabalhos que estes possam
realizar.
Vamos, então, à procura dos nossos personagens, conhecer os
seus segredos e dá-los a conhecer.
E depois, porque não, cruzar personagens e fazer novas histórias e ilustrá-las, ou mesmo animá-las?
A seguir se apresenta um trabalho, a título de exemplo, sobre uma espécie que dará, certamente, um bom personagem.